Em economia tem sido um fato estilizado que a globalização, a inovação e o desenvolvimento tecnológico contribuem para o aumento da desigualdade de renda e riqueza. Várias pesquisas nesse sentido chegam a resultados que se contrapõem, e não tem sido possível chegar a conclusões mais consistentes dos efeitos efetivos dessas variáveis na desigualdade de renda e riqueza.
Para Atkhinson (2015), a globalização começa influenciando a desigualdade por meio da utilização de mão de obra. Economias avançadas enfrentam uma concorrência maior de países nos quais os salários de profissionais menos qualificados são mais baixos. Por outro lado, essas economias mais avançadas demandam mão de obra mais qualificada. Assim, a história, segundo o autor, é contada em termos de dois grupos de trabalhadores, os qualificados e os não qualificados. Diante disso, e dos conceitos de oferta e demanda de mão de obra qualificada e não qualificada, e de prêmio salarial, o autor demonstra que quanto mais alto o preço relativo do bem que depende de mão de obra altamente qualificada, maior o prêmio salarial para trabalhadores qualificados. Com isso, se a globalização implica em países importando bens manufaturados mais baratos, pagos pela exportação de serviços de alta tecnologia mais valiosos, então os salários qualificados aumentam em relação aos salários não qualificados, e assim a proporção de salário de equilíbrio de mercado se inclina desfavoravelmente no sentido dos trabalhadores não qualificados.
Estudo recente pesquisou artigos que estimam empiricamente o efeito da globalização e do progresso tecnológico na desigualdade. Tal estudo encontrou que 61,9% dos trabalhos afirmam que de algum modo a globalização aumenta a desigualdade de renda e 40,48% que diminui. É possível perceber também que há uma intersecção entre esses dois conjuntos, ao se verificar 28,57% das pesquisas analisadas afirmam que a globalização tanto aumenta quanto diminui a desigualdade de renda, dependendo das condições verificadas em cada um desses trabalhos, que a análise foi efetuada.
Os primeiros trabalhos publicados sobre o tema afirmavam que haveria aumento na desigualdade em economias ricas ao passo que os países com economias mais frágeis teriam sua desigualdade reduzida. Em princípio isso não seria um efeito tão perverso, pois de algum modo haveria uma convergência em termos de igualdade de renda, aproximando países ricos dos menos ricos. Ocorre, porém, que alguns estudos têm mostrado trajetória diferente das desigualdades nos países, como o de Ogunyomi, Daisi e Oluwashikemi (2013), que encontrou um aumento considerável da desigualdade na Nigéria, devido à grande ênfase na globalização financeira e outros desequilíbrios macroeconômicos, em vez da globalização do comércio.
Os trabalhos pesquisados passam, com o tempo, a tentar identificar as causas de aumento ou diminuição da desigualdade. Várias são as causas detectadas, tais como qualificação de mão de obra decorrente da entrada de empresas internacionais; geração de empregos e renda, e consequente redução da pobreza; aumento da desregulamentação interna e liberalização; etc.
É relevante destacar o número de estudos que não encontrou correlação ou evidência suficiente de que a globalização interfere na desigualdade de riqueza e renda dos países pesquisados. 5 Estudos chegaram a essa conclusão, o que representa cerca de 12 % dos artigos estudados.
Assim, em relação a globalização, apesar de a maioria dos trabalhos pesquisados demonstrarem que aumenta a desigualdade de renda, é fundamental destacar que não é possível concluir os efeitos do fenômeno, mormente por que a quantidade de conclusões opostas também é consideravelmente alta.
Para análise dos dados de inovação percebe-se um número muito menor de pesquisas realizadas. A maior parte dos trabalhos afirma que a inovação melhora a desigualdade, porém o relevante trabalho de Aghion et al (2016) encontrou correlações positivas e significativas entre medidas de inovação e desigualdade de rendas superiores. O que não permite conclusões mais efetivas sobre o verdadeiro efeito da inovação tecnológica na desigualdade de renda.