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André Luiz Cordeiro Cavalcanti

Me Explica ai! O Que é Índice de Qualidade de Vida?


É importante discutir qualidade de vida? Qual o grau de prioridade desta discussão em um país onde milhões de pessoas não têm suas necessidades básicas atendidas?

Em um primeiro momento pode parecer que essa discussão só se torna importante depois de cumpridas certas etapas de desenvolvimento da sociedade. Do tipo, primeiro acabamos com a fome e com a miséria, depois falamos de qualidade de vida. Mais ou menos como se preocupar em como está a qualidade do pão antes de saber se efetivamente o teremos a mesa.

Uma outra possível reticência com o tema estaria vinculada aos seus aspectos subjetivos e suas variações culturais. O que é importante para uma vida digna em uma sociedade ocidental pode não ser em países do oriente, por exemplo.

A publicidade em geral costuma vincular qualidade de vida a consumo, requinte e sofisticação, e, portanto, a algo supérfluo diante de questões mais substantivas, como garantir um patamar mínimo de dignidade e de condição humana.

Mas, qual é este patamar e como defini-lo? Como determinar as "necessidades básicas"? E quem as determina? Pressupor que o debate sobre qualidade de vida é menos importante que o debate prioritário sobre o fim da miséria não seria mais uma discriminação que perpetuaria a desigualdade e injustiça sociais?

Assim vamos começar uma série de artigos que tratam desse tema, começando hoje com índices objetivos e conhecido que medem a qualidade de vida. O primeiro deles será o IDH, índice de desenvolvimento humano.

O QUE É IDH?

Segundo o PNUD, Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento, o objetivo da criação do Índice de Desenvolvimento Humano foi o de oferecer um contraponto a outro indicador muito utilizado, o Produto Interno Bruto (PIB) per capita, que considera apenas a dimensão econômica do desenvolvimento. Criado por Mahbub ul Haq com a colaboração do economista indiano Amartya Sen, ganhador do Prêmio Nobel de Economia de 1998, o IDH pretende ser uma medida geral, sintética, do desenvolvimento humano. Apesar de ampliar a perspectiva sobre o desenvolvimento humano, o IDH não abrange todos os aspectos de desenvolvimento e não é uma representação da "felicidade" das pessoas, nem indica "o melhor lugar no mundo para se viver". Democracia, participação, equidade, sustentabilidade são outros dos muitos aspectos do desenvolvimento humano que não são contemplados no IDH.

Três pilares que constituem o IDH (saúde, educação e renda), e são medidos da seguinte forma:

  • Uma vida longa e saudável (saúde) é medida pela expectativa de vida;

  • O acesso ao conhecimento (educação) é medido por:

  1. média de anos de educação de adultos, que é o número médio de anos de educação recebidos durante a vida por pessoas a partir de 25 anos; e

  2. a expectativa de anos de escolaridade para crianças na idade de iniciar a vida escolar, que é o número total de anos de escolaridade que um criança na idade de iniciar a vida escolar pode esperar receber se os padrões prevalecentes de taxas de matrículas específicas por idade permanecerem os mesmos durante a vida da criança;

  • E o padrão de vida (renda) é medido pela Renda Nacional Bruta (RNB) per capita expressa em poder de paridade de compra (PPP) constante, em dólar, tendo 2005 como ano de referência.

Quer saber quais os países com maior IDH em 2017, o PNUD divulga essa informação (veja link). Assista ao vídeo a seguir:

Uma importante crítica feita em relação ao IDH é sua impossibilidade de expor algumas outras complexidades de um país, como já afirmado, tais como qualidade da democracia, desigualdade de renda. Assim, pelos critérios que mostramos acima, é possível que ditaduras tenham um desenvolvimento humano maior do que algumas democracias. A falta de liberdade não seria um fator que prejudica a população?

Como exposto acima, a desigualdade também não é levada em conta no cálculo tradicional do IDH. Assim, um país extremamente desigual pode ter IDH elevado. Por isso foi criado IDH ajustado pela desigualdade (IDHAD). Desde 2010, o PNUD tem recalculado o IDH de acordo com um cálculo da desigualdade proposto pelo economista britânico Anthony Barnes Atkinson. O cálculo considera as desigualdades em todos os três índices usados para compor o IDH.

Com a introdução do IDHAD, o IDH tradicional pode ser visto como um índice de desenvolvimento humano “potencial” e o IDHAD como um índice do desenvolvimento humano “real”. A “perda” no desenvolvimento humano potencial devido à desigualdade é dada pela diferença entre o IDH e o IDHAD e pode ser expressa por um percentual.

Em nossa próxima coluna vamos explorar um pouco o ranking de IDH em 2017, a colocação do Brasil e o que isso significa em termos de nosso desenvolvimento econômico.

Até a próxima semana.

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