Não achei que Maluf viveria para eu vê-lo preso.
Me surpreende muito sua prisão.
Não sou dos que acreditam que o Brasil está mudando, e que a partir da “lava jato” teremos um país mais justo e livre da corrupção.
A prisão do Maluf me surpreende por sua longevidade política. O primeiro caso de uso indevido de dinheiro público, que eu me recorde, aconteceu mesmo antes de eu nascer. Esse típico político “made in” Brasil presenteou os jogadores da Seleção Brasileira de Futebol campeã da Copa de 70, cada um com um Fusca Zero Km, como prefeito de São Paulo, e com dinheiro da prefeitura. O Julgamento se arrastou até 2006, isso mesmo, 36 anos depois, e Maluf foi absolvido.
(Só para avisar aos que afirmam que não havia corrupção nos governos militares, o Maluf foi prefeito biônico de São Paulo, nomeado por indicação do presidente da República Costa e Silva e com o apoio de Delfim Netto. Sim, ele é um dos legados da ditadura).
O nome do deputado foi incluído na lista de procurados pela Interpol em 2010. A ordem de prisão vale nos 188 países onde a polícia internacional atua. Em 2012, a Suprema Corte de Nova York negou o pedido feito por Maluf para suspender a ordem internacional de prisão contra ele.
Todos, absolutamente todos, conhecem os feitos não republicanos desse político há anos, e só agora, apenas em 2017, aos 84 anos, depois ter se locupletado como quis, esse político vai para a cadeia. O Brasil mudou? Sinto muito, não mudou, continua exatamente o mesmo. A prisão de Maluf, por mais paradoxal que pareça, apenas demonstra a impunidade que beneficia os poderosos.
O país dos privilegiados e da classe média manipulada e que como um cardume de piranhas se satisfaz com a oferenda de um par de bois para que todo o rebanho atravesse o rio, continua sob o domínio, em todos os poderes, de indivíduos cercados de suspeitas de corrupção e de comportamentos não republicanos, ao mesmo tempo que dados estatísticos demonstram que a pobreza voltou a crescer, Eduardo Cunha prepara filha para disputar vaga na Câmara em 2018 (eu aposto que ganha), e 75% da população não tem condições de vida nas cidades brasileiras